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| | Poesia | |
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Autor | Mensagem |
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Kaluanda Top 500
| Assunto: Re: Poesia Dom Jan 25, 2009 4:31 pm | |
| Castigo pro comboio malandro Passa passa sempre com a força dele ué ué ué hii hii hii te-quem-tem te-que-tem te-quem-tem
o comboio malandro passa
Nas janelas muita gente ai bô viaje adeujo homéé n'ganas bonitas quitandeiras de lenço encarnado levam cana no Luanda pra vender
hii hii hii aquele vagon de grades tem bois muú muú muú
tem outro igual como este dos bois leva gente, muita gente como eu cheio de poeira gente triste como os bois gente que vai no contrato
Tem bois que morre no viaje mas o preto não morre canta como é criança "Mulonde iá késsua uádibalé uádibalé uádibalé..." Esse comboio malandro sozinho na estrada de ferro passa passa sem respeito ué ué ué com muito fumo na trás hii hii hii te-quem-tem te-quem-tem te-quem-tem
Comboio malandro O fogo que sai no corpo dele Vai no capim e queima Vai nas casas dos pretos e queima Esse comboio malandro Já queimou o meu milho
Se na lavra do milho tem pacacas Eu faço armadilhas no chão, Se na lavra tem kiombos Eu tiro a espingarda de kimbundo E mato neles Mas se vai lá fogo do malandro - Deixa!- Ué ué ué Te-quem-tem te-quem-tem te-quem-tem Só fica fumo, Muito fumo mesmo.
Mas espera só Quando esse comboio malandro descarrilar E os brancos chamar os pretos pra empurrar Eu vou Mas não empurro - Nem com chicote - Finjo só que faço forca Aka!
Comboio malandro Você vai ver só o castigo Vai dormir mesmo no meio do caminho.
(Poemas) António Jacinto | |
| | | Cazimar Adm/Moderação
Idade : 68 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Dom Jan 25, 2009 4:58 pm | |
| A mulemba secou
A mulemba secou. No barro da rua, Pisadas, por toda a gente, Ficaram as folhas Secas, amareladas A estalar sob os pés de quem passava.
Depois o vento as levou... Como as folhas da mulemba Foram-se os sonhos gaiatos Dos miúdos do meu bairro.
De dia, Espalhavam visgo nos ramos E apanhavam catituis, Viúvas, siripipis Que o Chiquito da Mulemba Ia vender no Palácio Numa gaiola de bimba.
De noite, Faziam roda, sentados, A ouvir, de olhos esbugalhados A velha Jaja a contar Histórias de arrepiar Do feitiçeiro Catimba.
Mas a mulemba secou E com ela, Secou tambem a alegria Da miúdagem do bairro; O Macuto da Ximinha Que cantava todo o dia Já não canta.
O Zé Camilo, coitado, Passa o dia deitado A pensar em muitas coisas.
E o velhote Camalundo, Quando passa por ali, Já ninguém o arrelia, Já mais ninguém lhe assobia, Já faz a vida em sossego.
Como o meu bairro mudou, Como o meu bairro está triste Porque a mulemba secou... Só o velho Camalundo Sorri ao passar por lá!...
(Aires Almeida Santos ) | |
| | | lopes Moderador
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Poesia Dom Jan 25, 2009 7:52 pm | |
| O Palácio da Ventura
Sonho que sou um cavaleiro andante, Por desertos,por sóis,por noite escura, Paladino do amor, busco anelante O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante, Quebrada a espada já,rota a armadura... E eis que súbito o avisto,fulgurante na sua pompa e aérea formusura
Com grandes golpes bato à porta e brado; Eu sou o vagabundo,o Deserdado... Abri-vos portas d´ouro,ante meus ais!
Abrem-se as portas d´ouro,com fragor... Mas dentro encontro só,cheio de dor, Silêncio e escuridão... e nada mais!
Antero de Quental | |
| | | Dombolo Top 500
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Dom Jan 25, 2009 8:15 pm | |
| BARCA BELA
Pescador da barca bela, Onde vais pescar com ela, Que é tão bela, Ó pescador?
Não vês que a última estrela No céu nublado se vela? Colhe a vela, Ó pescador!
Deita o lanço com cautela, Que a sereia canta bela... Mas cautela, Ó pescador!
Não se enrede a rede nela, Que perdido é remo e vela Só de vê-la, Ó pescador!
Pescador da barca bela, Inda é tempo, foge dela, Foge dela, Ó pescador!
Almeida Garrett | |
| | | Tita Top 100
Idade : 73 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Dom Jan 25, 2009 9:44 pm | |
| A Tempestade (1828)
I
Sobre um rochedo Que o mar batia, Triste gemia Um desgraçado, Terno amador. Já nem lhe caem Dos olhos lágrimas, Suspiros férvidos Apenas contam Seu triste amor.
II
Ondas, clamava o mísero, Ondas que assim bramais, Ouvi meus tristes ais! Horrível tempestade, Medonho furacão, Não é mais agitado Do que o meu coração, O vosso despregado, Horrissono bramar! Ânsia que atropela Meu lânguido peito, É mais violenta Que o tempo desfeito, Que a onda encapela, Que a agita a tormenta No seio do mar.
III
Mas, ah! se o negrume O sol dissipara Calmara Seu nume, O horror do tufão. Assim à minha alma A calma Daria De Armia Um sorriso: Um raio de esperança Do paraíso Traria A bonança Ao meu coração.
Almeida Garrett
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| | | Paulobocas Top 20
Idade : 55 Localização : Quarteira bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Dom Jan 25, 2009 11:31 pm | |
| Poema de choro!!
Tu rainha das fadas Mulher das asas azuis Tu borboleta errante Mulher dos meus anéis Tu para quem triste Poemas emancipo Na condição de erróneo poeta TU! E, doí-me o corpo de saudade Como um desejo que te viu E contigo partiu Dói-me o corpo Por amar-te muito assim
Paulo Martins | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Jan 26, 2009 1:48 pm | |
| Olá Paulo! Tenho vindo a reparar que escreve poesia!! Não posso deixar de dar os meus Parabéns ao poeta, neste espaço!! Bonitos os seus poemas!! Bjs. | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Jan 26, 2009 10:32 pm | |
| No Turbilhão
A Jaime Batalha Reis
No meu sonho desfilam as visões, Espectros dos meus próprios pensamentos, Como um bando levado pelos ventos, arrebatado em vastos turbillhões...
Num espiral, de estranhas contorções, E donde saem gritos e lamentos, Vejo-os passar, em grupos nevoentos, Distingo-lhes, a espaços, as feições...
-Fantasmas de mim mesmo e da minha alma, Que me fitais com formidável calma, Levados na onda turva do escarcéu,
Quem sois vós, meus irmãos e meus algozes? Quem sois, visões misérrimas e atrozes? Ai de mim! ai de mim! e quem sou eu?!...
Antero de Quental, in Sonetos | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Jan 26, 2009 11:18 pm | |
| Rosas
Rosa! És a flor mais bela e mais gentil Entre as flores que a Natureza encerra; Bendito sejas tu, ó mês d'Abril Que de rosas inundas toda a terra!
Brancas, vermelhas ou da cor sombria Do desespero e do pesar mais fundo, Sois símbolos d'amor e d'alegria Vós sois a obra-prima deste mundo!
Ao ver-vos tão bonitas, tão mimosas Esqueço a minha dor, minha saudade Pra só vos contemplar, ó orgulhosas.
Eu abençoo então a Natureza, E curvo-me ante vós com humildade Ó rainhas da graça e da beleza!
Florbela Espanca
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| | | lopes Moderador
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Jan 26, 2009 11:58 pm | |
| Na Mão de Deus Na mão de Deus, na sua mão direita, Descansou afinal meu coração. Do palácio encantado da Ilusão Desci a passo e passo a escada estreita.
Como as flores mortais, com que se enfeita, A ignorância infantil,despojo vão, Depois do Ideal e da Paixão A forma transitória e imperfeita.
Como criança em lôbrega jornada, Que a mãe leva ao colo agasalhada E atravessa,sorrindo vagamente,
Selvas.mares,areias do deserto... Dorme o teu sono coração liberto, Dorme na mão de Deus eternamente.
Antero de Quental "sonetos" | |
| | | lopes Moderador
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Poesia Ter Jan 27, 2009 12:22 am | |
| O Menino de Sua Mãe
No plaino abandonado Que a morna brisa aquece, De balas trespassado- Duas,de lado a lado-, Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue. De braços estendidos, Alvo,louro,exangue, Fita com olhar langue e cego os céus perdidos.
Tão jovem!Que jovem era! (agora que idade tem?) Filho único,a mãe lhe dera Um nome e o mantivera: «O menino de sua mãe»
Caiu-lhe da algibeira a cigarreira breve. Dera-lha a mãe.Está inteira E boa a cigarreira. Ele é que já não serve.
De outra algibeira,alada Ponta a roçar o solo. A brancura embainhada De um lenço...deu-lho a criada Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe,em casa, há prece: «Que volte cedo,e bem!» (Malhas que o império tece!) Jaz morto e apodrece O menino da sua mãe
Fernando Pessoa | |
| | | Paulobocas Top 20
Idade : 55 Localização : Quarteira bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Ter Jan 27, 2009 1:26 pm | |
| Obrigado Kalu. São apenas uma tentativa de poesia...
Os gestos que vivemos São como um fundo De olhar difuso Onde esgares Somos assombros No ocluso, Cujo o medo Nos faz tremer E o mundo Nunca nos dirá.
Gestos... São confusos E um tanto E desesperadamente irreais Gestos num mesmíssimo Grito de olhar Gritos de sombra em sombra Deste vil e imenso gesto.
O gesto faz-nos temer E faz-nos viver O gesto torna-se real Ao te ver passar Sorri, palpita e vive.
Bate o coração apressado Onde tem pressa de não te perder E é comum tal coisa maravilhosa Que no espaço se lança ansiosa Como que para te olhar.
O teu corpo sentido, O teu ser imaginado, A tua alma tocada São o gesto sobre o meu abraço. São a tua mão estirada Que sinto em mim Ou não.
O teu olhar, É a vida escarranchada Sobre o meu corpo. O teu olhar, É a minha alma desamparada Sobre o meu tempo, Onde de súbito Surgirá a tristeza Desfazendo-se simplesmente Ao me tocares.
Paulo Martins | |
| | | lopes Moderador
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Poesia Qua Jan 28, 2009 12:20 am | |
| Amigos.
Depois dos poemas do amigo Paulo que sinceramente apreciei,vou colocar poesia muito adequada ao momento severo de inverno que temos vivido.
Balada da Neve
Batem leve,levemente, como quem chama por mim. será chuva? será gente? Gente não é,certamente e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania, mas há pouco,há poucochinho, nem uma agulha bulia na quieta melancolia Dos pinheiros do caminho...
Quem bate,assim,levemente, com tão estranha leveza, que mal se ouve,mal se sente? Não é chuva,nem é gente, nem é vento concerteza.
Fui ver.A neve caía do azul cinzento do céu, branca e leve,branca e fria... -Há quanto tempo a não via! E que saudades,Deus meu!
Olho-a através da vidraça. Pôs tudo da cor do linho. Passa gente e, quando passa, os passos imprime e traça na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais da pobre gente que avança, e noto,por entre os mais, os traços miniaturais duns pézitos de criança...
E descalcinhos,doridos... A neve deixa inda vê-los, primeiro,bem defenidos, depois,em sulcos compridos, porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador sofra tormentos,enfim! Mas as crianças,Senhor, porque lhes dais tanta dor?!... porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza, uma funda turbação entra em mim,fica em mim presa. Cai neve na Natureza -e cai no meu coração.
Augusto Gil. | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Jan 28, 2009 1:26 pm | |
| Olá amigos da poesia! Então cá vamos continuando a colocar poemas...
Rumo
É tempo, companheiro! Caminhemos ... Longe, a Terra chama por nós, e ninguém resiste à voz Da Terra ...
Nela, O mesmo sol ardente nos queimou a mesma lua triste nos acariciou, e se tu és negro e eu sou branco, a mesma Terra nos gerou!
Vamos, companheiro ... É tempo!
Que o meu coração se abra à mágoa das tuas mágoas e ao prazer dos teus prazeres
Irmão Que as minhas mãos brancas se estendam para estreitar com amor as tuas longas mãos negras ... E o meu suor se junte ao teu suor, quando rasgarmos os trilhos de um mundo melhor!
Vamos! que outro oceano nos inflama.. . Ouves? É a Terra que nos chama ... É tempo, companheiro! Caminhemos ...
Alda Lara | |
| | | Tita Top 100
Idade : 73 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Jan 28, 2009 3:39 pm | |
| Que Há para Lá do Sonhar?
Céu baixo, grosso, cinzento e uma luz vaga pelo ar chama-me ao gosto de estar reduzido ao fermento do que em mim a levedar é este estranho tormento de me estar tudo a contento, em todo o meu pensamento ser pensar a dormitar.
Mas que há para lá do sonhar?
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1' | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Jan 28, 2009 9:30 pm | |
| Cai a Chuva Abandonada Cai a chuva abandonada à minha melancolia, a melancolia do nada que é tudo o que em nós se cria.
Memória estranha de outrora não a sei e está presente. Em mim por si se demora e nada em mim a consente
do que me fala à razão. Mas a razão é limite do que tem ocasião
de negar o que me fite de onde é a minha mansão que é mansão no sem-limite. Ao longe e ao alto é que estou e só daí é que sou.
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1' | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Jan 28, 2009 9:37 pm | |
| Por Entre os Sons da Música Por entre os sons da música, ao ouvido como a uma porta que ficou entreaberta o que se me revela em ter sentido é o que por essa música encoberta
acena em vão do outro lado dela e eu sinto como a voz que respondesse ao que em mim não chamou nem está nela, porque é só o desejar que aí batesse.
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1' | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qui Jan 29, 2009 12:01 am | |
| Só nos Pertence o Gesto que Fizemos Só nos pertence o gesto que fizemos não o fazê-lo como, iludida, a divindade que em nós já trouxemos supõe errada (e não) por convencida.
Porque o traçado nosso em breve cessa, para que outro o recomece e não progrida; que um gesto em ser gesto real se meça, não está em nós fazê-lo, mas na Vida.
Assim o nada a sagra quando finda porque o que é, só é o não ainda.
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1' | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qui Jan 29, 2009 10:08 pm | |
| O fogo que na branda cera ardia
O fogo que na branda cera ardia, Vendo o rosto gentil que na alma vejo. Se acendeu de outro fogo do desejo, Por alcançar a luz que vence o dia.
Como de dois ardores se incendia, Da grande impaciência fez despejo, E, remetendo com furor sobejo, Vos foi beijar na parte onde se via.
Ditosa aquela flama, que se atreve Apagar seus ardores e tormentos Na vista do que o mundo tremer deve!
Namoram-se, Senhora, os Elementos De vós, e queima o fogo aquela nave Que queima corações e pensamentos.
Luís de Camões
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| | | Paulobocas Top 20
Idade : 55 Localização : Quarteira bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Sex Jan 30, 2009 6:26 pm | |
| Bons sonhos meu amor!!!
Abri os olhos, Sonhei contigo E, para meu espanto fez-se luz diante da noite. O meu leito tomei no teu corpo deslumbrante. Tomei-o em minhas mãos e nos meus sonhos. O teu busto sereno e apaziguado, Suspirava sonolento na calma do frio gélido, Das roupas por entre as rendas esburacas e amiúde, Como doces do céu transmutantes no olhar da tua camisa de dormir... Por entre os nichos suspirosos, Duas pombas se alevantavam como dois pomos cândidos da giesta festiva, Cheios de pureza e alegria. ... Os teus cabelos pendiam por sobre as ancas Escondidos pelos teus lábios vermelhos Que, filtrando tão sedoso hálito descansavam e sorriam. Tu, és tentadora, que admirar-te não posso. Tão doce que a vontade se me ajoelha e reza, Para assim permanecer a ver-te, A aspirar-te, A enlouquecer e a bulir na consumação dos séculos. ... Bons sonhos meu amor!
Paulo Martins | |
| | | Tita Top 100
Idade : 73 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Dom Fev 01, 2009 1:02 pm | |
| Ó trevas, que enlutais a Natureza Ó trevas, que enlutais a Natureza Longos ciprestes desta selva anosa, Mochos de voz sinistra e lamentosa, Que dissolveis dos fados a incerteza; Manes, surgidos da morada acesa Onde de horror sem fim Plutão se goza, Não aterreis esta alma dolorosa, Que é mais triste que voz minha tristeza. Perdi o galardão da fé mais pura, Esperanças frustrei do amor mais terno, A posse de celeste formosura. Volvei, pois, sombras vãs, ao fogo eterno; E, lamentando a minha desventura, Movereis à piedade o mesmo Inferno. Bocage | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Dom Fev 01, 2009 6:08 pm | |
| Gato que brincas na rua Gato que brincas na rua Como se fosse na cama, Invejo a sorte que é tua Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais Que regem pedras e gentes, Que tens instintos gerais E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim, Todo o nada que és é teu. Eu vejo-me e estou sem mim, Conheço-me e não sou eu. Fernando Pessoa
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| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Dom Fev 01, 2009 9:24 pm | |
| VENHO DE UM SUL Vim do leste dimensionar a noite em gestos largos que inventei no sul pastoreando mulolas e anharas claras como coxas recordadas em Maio. Venho de um sul medido claramente em transparência de água fresca de amanhã. De um tempo circular liberto de estações. De uma nação de corpos transumantes confundidos na cor da crosta acúlea de um negro chão elaborado em brasa. (Chão de oferta, 1972) RUY DUARTE DE CARVALHO (Santarém,1941- Radicado em Angola desde1963) | |
| | | lopes Moderador
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Poesia Seg Fev 02, 2009 12:19 am | |
| Tendo o terrível Bonaparte à vista Novo Anibal,que esfalfa a voz da Fama, "Oh capados heróis!"(aos seus exclama Purpúrio fanfarrão,papal sacrista): O progresso estorvai da atroz conquista Que da filosofia o mal derrama?... "Disse,e em férvido tom saúda,e chama, Santos surdos,varões por sacra lista: Deles em vão rogando um pio arrojo, Convulso o corpo,as faces amarelas, Cede triste vitória, que faz nojo! O rápido françês vai-lhe às canelas; Dá,fere,mata:ficam-lhe em despojo Relíquias,bulas,merdas,bagatelas. Bocage Poema escrito na ocasião em que Bonaparte invadiu os estados eclesiásticos(1797) Toni Lopes... | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Fev 02, 2009 9:07 pm | |
| Liberdade onde estás? Liberdade, onde estás? Quem te demora? Quem faz que o teu influxo em nós não caia? Porque (triste de mim!) porque não raia Já na esfera de Lísia a tua aurora?
Da santa redenção é vinda a hora A esta parte do mundo, que desmaia. Oh!, venha . . . Oh!, venha, e trêmulo descaia Despotismo feroz, que nos devora!
Eia! Acode ao mortal que, frio e mudo, Oculta o pátrio amor, torce a vontade E em fingir, por temor, empenha estudo.
Movam nossos grilhões tua piedade; Nosso númen tu és, e glória, e tudo, Mãe do gênio e prazer, ó Liberdade! Bocage (aspirações do liberalismo...) | |
| | | Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Fev 02, 2009 9:22 pm | |
| Paisagem
Dorme sob o silêncio o parque. Com descanso, Aos haustos, aspirando o finíssimo extrato Que evapora a verdura e que deleita o olfato, Pelas alas sem fim da árvores avanço.
Ao fundo do pomar, entre folhas, abstrato Em cismas, tristemente, um alvíssimo ganso Escorrega de manso, escorrega de manso Pelo claro cristal do límpido regato.
Nenhuma ave sequer, sobre a macia alfombra, Pousa. Tudo deserto. Aos poucos escurece A campina, a rechã sob a noturna sombra.
E enquanto o ganso vai, abstrato em cismas, pelas Selvas a dentro entrando, a noite desce, desce... E espalham-se no céu camandulas de estrelas...
Francisca Júlia | |
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| Assunto: Re: Poesia | |
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