| Poesia | |
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Autor | Mensagem |
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lopes Moderador
| Assunto: Re: Poesia Ter Dez 01, 2009 12:29 am | |
| Sobre os discipulos Em rotos pergaminhos encostado, Sobre nua cadeira ao alto erguida, Vou consumindo a miserável vida, De bisonhos rapazes escutado.
Da antiga Roma o século doirado Anda sempre entre nós em crua lida; De Cícero a facúndia conhecida, Do púrpuro Horácio o gosto delicado.
Mas destes homens mil passagens belas, Que na cabeça à viva voz lhes encaixo, Vão-lhe lá hoje perguntar por elas?
Só para consolar-me, neles acho Os mais bonitos moldes de fivelas E de sapatos com entrada abaixo.
NICOLAU TOLENTINO DE ALMEIDA (1741-1811)
Toni Lopes... | |
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Sex Dez 04, 2009 10:41 pm | |
| Uma chama / Um nome
uma chama não chama a mesma chama há uma outra chama que se chama em cada chama que chama que chama pala chama que a chama no chamar se incendeia
um nome não nome o mesmo nome um outro nome nome que nomeia em cada nome o chama pelo nome que o nome no nome se incendeia
uma chama um nome a mesma chama há um outro nome que se chama em cada nome o chama pelo nome que a chama no nome se incendeia
um nome uma chama o mesmo nome há uma outra chama que nomeia em cada chama o nome que se chama o nome que na chama se incendeia
E. M. de Melo e Castro, in O Próprio Poético | |
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Kaluanda Top 500
Idade : 74 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Sáb Dez 05, 2009 11:28 pm | |
| MÚCUAS [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]Múcua: fruto mácula veludo a pingar mágoa negra lágrima seca a chorar escorrendo nos braços mãos-imbondeiro abertas aos céus anunciando a crescer desespero da terra povo inteiro múcua, mákua, mágoa lágrima negra imbondeiro a chorar. Namibiano Ferreira
(retirado da net) | |
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lopes Moderador
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Ter Dez 08, 2009 12:58 am | |
| Voo Quebrado
Subir!
Ter asas e voar Por aí fora, Numa largada sem fim... Acima das casas, Acima dos montes, Para além das nuvens, Para além da vida... Mais alto, Sempre mais alto!
Passar acima das aves...
Depois, Querer mais, mais alto... Sempre mais alto... A gente não se cansa. Cansa querer subir Mais alto e não poder.
Alberto de Serpa | |
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lopes Moderador
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qui Dez 10, 2009 12:29 am | |
| Felina
Galgam os gatos,guturais ,gritando, Nas gotejantes,glácidas goteiras, Em mios sensuais pelas trapeiras.
Chora,chapinha,chuviscando a chuva! No deserto beiral do meu telhado, Uma cinzenta graziela viuva Contempla o seu ( miau ) envenenado...
Há lamentos,lutulentos lances Por sobre a telha de Marselha ,oblonga... Sonhos.idílios,infernais romances, Cavaleiros de Malta e barba longa!
Dum,conheço uma história muito triste, Dum que lembrava o D.João doutrora, Sempre com o bigode e a cauda em riste... Mas era longo referi-la agora.
Pelos sítios escusos dos telhados Há gatas sem pudor fazendo vistas, Traições,banzés,focinhos arranhados, Baralhas de saloios e fadistas.
Ouvindo-os,entre insónias horrorosas, Paroquias,pesados pesadelos, Guloso,gloso gloriosas glosas, E faço caracóis com os cabelos!...
António Feijó (1860-1917)- Das bailadas Toni Lopes | |
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Sáb Dez 12, 2009 10:48 pm | |
| Angústia
Na negra noite da angústia, passei meu olhar por mim mesmo, tristes restos de uma carcaça inútil, toada de pó atirado ao vento.
Olhei estas mãos cheias de carícias, e agora tão cheias de mágoas. Chamei pelo coração e não me respondeu, quis chamar a alma, mas a tinha já dado às paixões passadas.
Quis que o rio me devorasse, e o rio recusou. Quis gritar e a voz perdida no tempo secou. Quis recordar o nome de todas, e de poucas pude lembrar. Naquela noite negra, quis ser o mais mortal dos mortais, e fitei a negritude aguardando a mulher, em ébano vestida, com sua foice certeira. Só despertei um laivo de esperança, quando finalmente me recordei do teu nome.
Raul Berenguel | |
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Cazimar Adm/Moderação
Idade : 68 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Dez 16, 2009 12:49 am | |
| Ser Angolano Angolano não come= PITA. Angolano não dança= BAILA. Angolano não toma o pequeno almoço= MATABICHA. Angolano não é Angolano= É MWANGOLÉ Angolano não veste= TRAPA Angolano não é bom = É QUENTE Angolano não curte= TCHILA Angolano não assalta= DESMONTA Angolano não vai para terra= VAI PA' BANDA Angolano não tem namorada= TEM M'BOA Angolano DA KARGA SER ANGOLANO KUIA | |
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Second Love Membros Postadores
Idade : 69 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Dez 16, 2009 8:43 pm | |
| QUADRAS SOLTAS.....
Não sou esperto nem bruto Nem bem nem mal educado; Sou simplesmente o produto Do meio em que fui criado.
Diz que viver é sofre... Concordo. Mas não compreendo Que ninguém ouse dizer Que se aprende sofrendo.
Embora os meus olhos sejam, Os mais pequenos do Mundo O que importa é que eles vejam O que os Homens são no fundo.
António Aleixo (o Poeta do Povo) | |
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lopes Moderador
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qui Dez 17, 2009 1:24 am | |
| A Ulina
Da miseranda Inês o caso triste, Nos tristes sons que a mágua desafina, Envia o terno Elmano à terna Ulina, Em cujos olhos seu prazer consiste.
Paixão que,se a sentir,não lhe resiste Nem nos brutos sertões alma ferina, Beleza funestou quási divina, De que a memória em lágrimas existe.
Lê,suspira,meu bem,vendo um composto De raras perfeições aniquilado Por mãos do crime,à natureza oposto.
Tu és cópia de Inês,encanto amado, Tu tens seu coração,tu tens seu rosto... Ah!Defendam-te os Céus de ter seu fado!
Cantata de Bocage
Toni Lopes | |
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Sáb Dez 19, 2009 10:57 pm | |
| Quando Benguela Acorda
Benguela acorda Com o cacimbo a cair A humidade paira no ar O cheiro do mar a sentir Vento em poupa Chuva miúda E Benguela a sorrir.
Benguela acorda Com o comboio a tocar Fumo negro a queimar Cheiro a café torrado Em sacos de Sisal.
Benguela acorda Com as mulatas desfilando Radiantes e belas Expondo sorrisos de magia Choros tornados alegria.
E em ti Benguela acordada Eu vivo um mundo de felicidade Um sonho tornado utopia Um feitiço de xingange Que em mim nasceu, cresceu e não morreu.
M. José Almeida Angolana, residente em Arouca | |
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Dom Dez 20, 2009 3:07 pm | |
| Carta De Um Contratado
Eu queria escrever-te uma carta amor uma carta que disesse deste anseio de te ver deste receio de te perder deste mais que bem querer que sinto deste mal indefinido que me persegue desta saudade a que vivo todo entregue... Eu queria escrever-te uma carta amor uma carta de confidências íntimas uma carta de lembranças de ti de ti dos teus lábios vermelhos como tacula dos teus cabelos negros como dilôa dos teus olhos doces como macongue dos teus seios duros como maboque do teu andar de onça e dos teus carinhos que maiores não encontrei por aí... Eu queria escrever-te uma carta amor que recordasse nossos dias na capôpa nossas noites perdidas no capim que recordasse a sombra que nos caía dos jambos o luar que se coava das palmeiras sem fim que recordasse a loucura da nossa paixão e a amargura nossa separação... Eu queria escrever-te uma carta amor que a não lesses sem suspirar que a escondesses de papai Bombo que a sonegasses a mamãe Kieza que a relesses sem a frieza do esquecimento uma carta que em todo Kilombo outra a ela não tivesse merecimento... Eu queria escrever-te uma carta amor uma carta que te levasse o vento que passa uma carta que os cajus e cafeeiros que as hienas e palancas que os jacarés e bagres pudessem entender para que se o vento a perdesse no caminho os bichos e plantas compadecidos de nosso pungente sofrer de canto em canto de lamento em lamento de farfalhar em farfalhar te levasse puras e quentes as palavras ardentes as palavras magoadas da minha carta que eu queria escrever-te amor... Eu queria escrever-te uma carta... Mas, ah meu amor, eu não sei compreender por que é, por que é, por que é, meu bem que tu não sabes ler e eu - Oh! Desespero - não sei escrever também! António Jacinto - poeta angolano | |
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Dez 23, 2009 1:19 pm | |
| Quando morrer
Quero sentir as tuas lágrimas Caindo de mansinho no meu peito
Mergulhando a sua dor na minha alma
Com a tristeza nos teus olhos
Caminharei docemente ao teu lado
Guardando a tua saudade junto a mim
Reconfortando o teu coração junto ao meu
Estarei contigo
Para sempre
O.B. | |
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orlando Dekatete Top 100
Idade : 75 Localização : Lisboa Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Dez 23, 2009 4:52 pm | |
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Perdoa irmão
Não sei.
Nem tu nem eu.
Quem sabe amanhã
ou depois.
Um dia…
Alguém saberá.
Não te conheci.
Sequer compreendi
talvez ninguém.
ou alguém.
Porquê?
Não sei.
O mundo é assim
ninguém soube de ti.
Te conheceu.
A gentileza
honestidade
lealdade.
A fraqueza
Ninguém conheceu
a vergonha da tua verdade
a sinceridade do teu coração
ou o calor do teu abraço.
A minha mão não te serviu.
Fugiu
traiu
dói muito hoje.
Tão tarde…
perdoa meu irmão.
Dedicado ao meu cunhado Elísio
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qui Dez 24, 2009 1:18 am | |
| Trapos
Agarrei naquele trapo. Tão velho e tão solto, que olhava para ele como se fosse eu.
Tão pequeno me parecia o trapo, na imensidão que julgava ter na mão.
Vaidoso. Tinha uma mão pequena, e o trapo que a mão continha, era toda a minha vida.
Afinal, tão pequena, tão simples, que minha mão deitou ao chão tanta perda de tempo.
Apenas a inutilidade de uma vida.
Raul Berenguel | |
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Sáb Jan 02, 2010 4:53 am | |
| O Amor e o Tempo
Pela montanha alcantilada Todos quatro em alegre companhia, O Amor, o Tempo, a minha Amada E eu subíamos um dia.
Da minha amada no gentil semblante Já se viam indícios de cansaço; O Amos passava-nos adiante E o Tempo acelerava o passo.
- «Amor! Amor! Mais devagar! Não corras tanto assim, que tão ligeira Não pode com certeza caminhar A minha doce companheira!»
Súbito, o Amor e o Tempo, combinados, Abrem as asas trémulas ao vento… - «Porque voais assim tão apressados? Onde vos dirigis?» – nesse momento,
Volta-se o Amor e diz com azedume: - «Tende paciência, amigos meus! Eu sempre tive este costume De fugir com o Tempo… Adeus! Adeus!
António Feijó | |
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Jan 04, 2010 12:52 pm | |
| A cidade é um chão de palavras pisadas
A cidade é um chão de palavras pisadas a palavra criança a palavra segredo. A cidade é um céu de palavras paradas a palavra distância e a palavra medo.
A cidade é um saco um pulmão que respira pela palavra água pela palavra brisa A cidade é um poro um corpo que transpira pela palavra sangue pela palavra ira.
A cidade tem praças de palavras abertas como estátuas mandadas apear. A cidade tem ruas de palavras desertas como jardins mandados arrancar.
A palavra sarcasmo é uma rosa rubra. A palavra silêncio é uma rosa chá. Não há céu de palavras que a cidade não cubra não há rua de sons que a palavra não corra à procura da sombra de uma luz que não há.
José Carlos Ary dos Santos | |
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Jan 04, 2010 12:56 pm | |
| Poeta Castrado, Não!
Serei tudo o que disserem por inveja ou negação: cabeçudo dromedário fogueira de exibição teorema corolário poema de mão em mão lãzudo publicitário malabarista cabrão. Serei tudo o que disserem: Poeta castrado não!
Os que entendem como eu as linhas com que me escrevo reconhecem o que é meu em tudo quanto lhes devo: ternura como já disse sempre que faço um poema; saudade que se partisse me alagaria de pena; e também uma alegria uma coragem serena em renegar a poesia quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu a força que tem um verso reconhecem o que é seu quando lhes mostro o reverso:
Da fome já não se fala é tão vulgar que nos cansa mas que dizer de uma bala num esqueleto de criança?
Do frio não reza a história a morte é branda e letal mas que dizer da memória de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser o poema dia a dia? Um bisturi a crescer nas coxas de uma judia; um filho que vai nascer parido por asfixia?! Ah não me venham dizer que é fonética a poesia!
Serei tudo o que disserem por temor ou negação: Demagogo mau profeta falso médico ladrão prostituta proxeneta espoleta televisão. Serei tudo o que disserem: Poeta castrado não!
José Carlos Ary dos Santos | |
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Turrak Top 20
Idade : 34 Localização : South Africa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Jan 04, 2010 5:32 pm | |
| Angola que eu vivo
Que a nossa amizade seja sem fim como as obras em Angola,
Que a tua alegria aumente como a corrupçao em Angola,
Que o teu amor seja visivel como a poiera em Angola,
Que os teus sonhos nao sejam parados como as aguas em Angola,
Que os teus desejos possam atingir todos os extremos como as zungueiras em Angola,
Que a tua felicidade aumente como os gatunos da praça do Roque
e que o teu futuro seja bonito como o mar de Angola | |
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Cazimar Adm/Moderação
Idade : 68 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Jan 13, 2010 12:13 am | |
| Fanfarronices de um Caçador [color:49a1=#600] Eu sou o mais destemido Caçador que tem aparecido Cá nos matos Angolanos Matei catorze mil feras Onças, leões e panteras Tudo isto em quatro anos. Uma vez vou-vos contar Estava eu a almoçar Goelas de tubarão Quando olhei para meu lado E vi muto bem sentado Um corpulento leão Vou daí sem mais sussurrosCatrapuz! Preguei-lhe um murroFoi soco piramidal Foi tal soco que o matei E confesso que fiqueiCom pena do animal. Uma vez lá no BiéÀ caça do jacaréEu e o meu derriço Veio um e engoliu-meE mais tarde despediu-mePela porta de serviço.
Malanje, 1965
Zé da Porta
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lopes Moderador
Idade : 76 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qui Jan 14, 2010 2:02 am | |
| O CIÚME Entre as tartáreas forjas,sempre acesas, Jaz aos pés do tremendo,estígio nume, O carrancudo,o rábido Ciúme, Ensanguentando as corruptas presas. Traçando o plano de cruéis empresas, Fervendo em ondas de sulfúreo lume, Vibra de fauces o letal cardume De hórridos males,de hórridas tristezas. Pelas terríveis fúrias instigado, Lá sai do Inferno,e para mim se avança O negro monstro,de áspides toucado. Olhos em brasa de revés me lança... Ó dor!Ó raiva!Ó morte!...Ei-lo a meu lado, Ferrando as garras na vipéria trança. BOCAGE | |
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bengo Top 500
Idade : 69 Localização : PT/Angola bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Dom Jan 17, 2010 7:47 pm | |
| Segue o teu destino
Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias.
A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses.
Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam.
Ricardo Reis | |
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Cazimar Adm/Moderação
Idade : 68 Localização : Portugal bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Seg Jan 25, 2010 2:42 am | |
| DESCONCERTO Nada me desconcerta mais que a falta de carácter. Desdenhosos personagens que me invadem o sossego e desatinam qualquer complacência. Ainda não descobri se é normal esta atitude ou serei eu, que depois de tanta ausência desconheço as leis fundamentais. Mas não deixo de ficar perturbada e nem com toda a lógica em aumento entenderei estas atitudes que de serem tão anormais não têm qualquer fundamento. Não concebo o uso de qualquer alguém só porque no momento é proveitoso. E por mais que atropele o meu humilde convencimento certeza tenho que não há ninguém que possa ser nobre com tal procedimento. Mas de um lado ou outro sempre encontro aqui ou além um certo desconcerto. Ou será o mundo que anda todo desconcertado ou serei eu que não lhe vejo qualquer acerto!
apl in "Um Beijo... Sem Nome | |
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fatima berenguel Top 500
Idade : 76 Localização : Lisboa bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Qua Jan 27, 2010 3:18 pm | |
| Poética
De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo.
A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte.
Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem
Nasço amanhã Ando onde há espaço: – Meu tempo é quando.
Vinícius de Moraes | |
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bengo Top 500
Idade : 69 Localização : PT/Angola bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Sáb Jan 30, 2010 11:48 pm | |
| Olhando o mar, sonho sem ter de quê
Olhando o mar, sonho sem ter de quê. Nada no mar, salvo o ser mar, se vê. Mas de se nada ver quanto a alma sonha! De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos, Em ruas ou em estradas ou sob ramos, Temos esta certeza e sempre e em tudo Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta Parecem, por longínquas, 'star em festa. Quanto acontece porque se não vê! Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive. Quem ontem fui já hoje em mim não vive. Bebe, que tudo é líquido e embriaga, E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser Motivos coloridos de morrer? Mas colhe rosas. Porque não colhê-las Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fernando Pessoa | |
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bengo Top 500
Idade : 69 Localização : PT/Angola bandeiras dos países : Reputação do usuário :
| Assunto: Re: Poesia Sex Fev 05, 2010 1:20 am | |
| O amor é uma companhia
O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos, Porque já não posso andar só. Um pensamento visível faz-me andar mais depressa E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo. E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar. Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas. Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona. Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
Alberto Caeiro | |
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| Assunto: Re: Poesia | |
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| Poesia | |
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