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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeTer Dez 01, 2009 12:29 am

    Sobre os discipulos

    Em rotos pergaminhos encostado,
    Sobre nua cadeira ao alto erguida,
    Vou consumindo a miserável vida,
    De bisonhos rapazes escutado.

    Da antiga Roma o século doirado
    Anda sempre entre nós em crua lida;
    De Cícero a facúndia conhecida,
    Do púrpuro Horácio o gosto delicado.

    Mas destes homens mil passagens belas,
    Que na cabeça à viva voz lhes encaixo,
    Vão-lhe lá hoje perguntar por elas?

    Só para consolar-me, neles acho
    Os mais bonitos moldes de fivelas
    E de sapatos com entrada abaixo.

    NICOLAU TOLENTINO DE ALMEIDA (1741-1811)


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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSex Dez 04, 2009 10:41 pm

    Uma chama / Um nome

    uma chama não chama a mesma chama
    há uma outra chama que se chama
    em cada chama que chama que chama pala chama
    que a chama no chamar se incendeia

    um nome não nome o mesmo nome
    um outro nome nome que nomeia
    em cada nome o chama pelo nome
    que o nome no nome se incendeia

    uma chama um nome a mesma chama
    há um outro nome que se chama
    em cada nome o chama pelo nome
    que a chama no nome se incendeia

    um nome uma chama o mesmo nome
    há uma outra chama que nomeia
    em cada chama o nome que se chama
    o nome que na chama se incendeia

    E. M. de Melo e Castro, in O Próprio Poético
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSáb Dez 05, 2009 11:28 pm

    MÚCUAS

    [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

    Múcua:
    fruto mácula
    veludo a pingar
    mágoa negra
    lágrima seca a chorar
    escorrendo nos braços
    mãos-imbondeiro
    abertas aos céus
    anunciando a crescer
    desespero da terra
    povo inteiro
    múcua, mákua, mágoa
    lágrima negra imbondeiro
    a chorar.

    Namibiano Ferreira
    (retirado da net)
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeDom Dez 06, 2009 11:38 pm

    À Virgem Santíssima

    Num sonho todo feito de incerteza,
    De nocturna e indivizível ansiedade,
    É que eu vi teu olhar de piedade
    E ( mais que piedade) tristeza...

    Não era o vulgar brilho da beleza,
    Nem o ardor banal da mocidade...
    Era outra luz,era outra suavidade,
    Que até nem sei se as há na natureza...

    Um místico sofrer...uma ventura
    Feita só de perdão,só de ternura
    E da paz da nossa hora derradeira...

    Ó visão,visão triste e piedosa!
    Fita-me assim calada,assim chorosa...
    E deixa-me sonhar a vida inteira!

    Antero de Quental


    Toni Lopes
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeTer Dez 08, 2009 12:58 am

    Voo Quebrado

    Subir!

    Ter asas e voar
    Por aí fora,
    Numa largada sem fim...
    Acima das casas,
    Acima dos montes,
    Para além das nuvens,
    Para além da vida...
    Mais alto,
    Sempre mais alto!

    Passar acima das aves...

    Depois,
    Querer mais, mais alto...
    Sempre mais alto...
    A gente não se cansa.
    Cansa querer subir
    Mais alto e não poder.

    Alberto de Serpa
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQui Dez 10, 2009 12:29 am

    Felina

    Galgam os gatos,guturais ,gritando,
    Nas gotejantes,glácidas goteiras,
    Em mios sensuais pelas trapeiras.

    Chora,chapinha,chuviscando a chuva!
    No deserto beiral do meu telhado,
    Uma cinzenta graziela viuva
    Contempla o seu ( miau ) envenenado...

    Há lamentos,lutulentos lances
    Por sobre a telha de Marselha ,oblonga...
    Sonhos.idílios,infernais romances,
    Cavaleiros de Malta e barba longa!

    Dum,conheço uma história muito triste,
    Dum que lembrava o D.João doutrora,
    Sempre com o bigode e a cauda em riste...
    Mas era longo referi-la agora.

    Pelos sítios escusos dos telhados
    Há gatas sem pudor fazendo vistas,
    Traições,banzés,focinhos arranhados,
    Baralhas de saloios e fadistas.

    Ouvindo-os,entre insónias horrorosas,
    Paroquias,pesados pesadelos,
    Guloso,gloso gloriosas glosas,
    E faço caracóis com os cabelos!...

    António Feijó (1860-1917)-
    Das bailadas



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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSáb Dez 12, 2009 10:48 pm

    Angústia

    Na negra noite da angústia,
    passei meu olhar por mim mesmo,
    tristes restos de uma carcaça inútil,
    toada de pó atirado ao vento.

    Olhei estas mãos cheias de carícias,
    e agora tão cheias de mágoas.
    Chamei pelo coração e não me respondeu,
    quis chamar a alma,
    mas a tinha já dado às paixões passadas.

    Quis que o rio me devorasse,
    e o rio recusou.
    Quis gritar e a voz perdida no tempo secou.
    Quis recordar o nome de todas,
    e de poucas pude lembrar.
    Naquela noite negra,
    quis ser o mais mortal dos mortais,
    e fitei a negritude aguardando a mulher,
    em ébano vestida, com sua foice certeira.
    Só despertei um laivo de esperança,
    quando finalmente me recordei do teu nome.

    Raul Berenguel
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQua Dez 16, 2009 12:49 am

    Ser Angolano
    Angolano não come= PITA.
    Angolano não dança= BAILA.
    Angolano não toma o pequeno almoço= MATABICHA.
    Angolano não é Angolano= É MWANGOLÉ
    Angolano não veste= TRAPA
    Angolano não é bom = É QUENTE
    Angolano não curte= TCHILA
    Angolano não assalta= DESMONTA
    Angolano não vai para terra= VAI PA' BANDA
    Angolano não tem namorada= TEM M'BOA
    Angolano DA KARGA
    SER ANGOLANO KUIA
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQua Dez 16, 2009 8:43 pm

    QUADRAS SOLTAS.....

    Não sou esperto nem bruto
    Nem bem nem mal educado;
    Sou simplesmente o produto
    Do meio em que fui criado.

    Diz que viver é sofre...
    Concordo. Mas não compreendo
    Que ninguém ouse dizer
    Que se aprende sofrendo.

    Embora os meus olhos sejam,
    Os mais pequenos do Mundo
    O que importa é que eles vejam
    O que os Homens são no fundo.

    António Aleixo
    (o Poeta do Povo)
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQui Dez 17, 2009 1:24 am

    A Ulina

    Da miseranda Inês o caso triste,
    Nos tristes sons que a mágua desafina,
    Envia o terno Elmano à terna Ulina,
    Em cujos olhos seu prazer consiste.

    Paixão que,se a sentir,não lhe resiste
    Nem nos brutos sertões alma ferina,
    Beleza funestou quási divina,
    De que a memória em lágrimas existe.

    Lê,suspira,meu bem,vendo um composto
    De raras perfeições aniquilado
    Por mãos do crime,à natureza oposto.

    Tu és cópia de Inês,encanto amado,
    Tu tens seu coração,tu tens seu rosto...
    Ah!Defendam-te os Céus de ter seu fado!

    Cantata de Bocage


    Toni Lopes
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSáb Dez 19, 2009 10:57 pm

    Quando Benguela Acorda

    Benguela acorda
    Com o cacimbo a cair
    A humidade paira no ar
    O cheiro do mar a sentir
    Vento em poupa
    Chuva miúda
    E Benguela a sorrir.

    Benguela acorda
    Com o comboio a tocar
    Fumo negro a queimar
    Cheiro a café torrado
    Em sacos de Sisal.

    Benguela acorda
    Com as mulatas desfilando
    Radiantes e belas
    Expondo sorrisos de magia
    Choros tornados alegria.

    E em ti Benguela acordada
    Eu vivo um mundo de felicidade
    Um sonho tornado utopia
    Um feitiço de xingange
    Que em mim nasceu, cresceu e não
    morreu.

    M. José Almeida
    Angolana, residente em Arouca
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeDom Dez 20, 2009 3:07 pm

    Carta De Um Contratado

    Eu queria escrever-te uma carta
    amor
    uma carta que disesse
    deste anseio
    de te ver
    deste receio de te perder
    deste mais que bem querer que sinto
    deste mal indefinido que me persegue
    desta saudade a que vivo todo entregue...
    Eu queria escrever-te uma carta
    amor
    uma carta de confidências íntimas
    uma carta de lembranças de ti
    de ti
    dos teus lábios vermelhos como tacula
    dos teus cabelos negros como dilôa
    dos teus olhos doces como macongue
    dos teus seios duros como maboque
    do teu andar de onça
    e dos teus carinhos
    que maiores não encontrei por aí...
    Eu queria escrever-te uma carta
    amor
    que recordasse nossos dias na capôpa
    nossas noites perdidas no capim
    que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
    o luar que se coava das palmeiras sem fim
    que recordasse a loucura
    da nossa paixão
    e a amargura nossa separação...
    Eu queria escrever-te uma carta
    amor
    que a não lesses sem suspirar
    que a escondesses de papai Bombo
    que a sonegasses a mamãe Kieza
    que a relesses sem a frieza
    do esquecimento
    uma carta que em todo Kilombo
    outra a ela não tivesse merecimento...
    Eu queria escrever-te uma carta
    amor
    uma carta que te levasse o vento que passa
    uma carta que os cajus e cafeeiros
    que as hienas e palancas
    que os jacarés e bagres
    pudessem entender
    para que se o vento a perdesse no caminho
    os bichos e plantas
    compadecidos de nosso pungente sofrer
    de canto em canto
    de lamento em lamento
    de farfalhar em farfalhar
    te levasse puras e quentes
    as palavras ardentes
    as palavras magoadas da minha carta
    que eu queria escrever-te amor...
    Eu queria escrever-te uma carta...
    Mas, ah meu amor, eu não sei compreender
    por que é, por que é, por que é, meu bem
    que tu não sabes ler
    e eu - Oh! Desespero - não sei escrever também!

    António Jacinto - poeta angolano
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQua Dez 23, 2009 1:19 pm

    Quando morrer

    Quero sentir as tuas lágrimas

    Caindo de mansinho no meu peito

    Mergulhando a sua dor na minha alma

    Com a tristeza nos teus olhos

    Caminharei docemente ao teu lado

    Guardando a tua saudade junto a mim

    Reconfortando o teu coração junto ao meu

    Estarei contigo

    Para sempre


    O.B.
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQua Dez 23, 2009 4:52 pm



    Perdoa irmão



    Não sei.

    Nem tu nem eu.

    Quem sabe amanhã

    ou depois.

    Um dia…

    Alguém saberá.

    Não te conheci.

    Sequer compreendi

    talvez ninguém.

    ou alguém.

    Porquê?

    Não sei.

    O mundo é assim

    ninguém soube de ti.

    Te conheceu.

    A gentileza

    honestidade

    lealdade.

    A fraqueza

    Ninguém conheceu

    a vergonha da tua verdade

    a sinceridade do teu coração

    ou o calor do teu abraço.

    A minha mão não te serviu.

    Fugiu

    traiu

    dói muito hoje.

    Tão tarde…

    perdoa meu irmão.





    Dedicado ao meu cunhado Elísio

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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQui Dez 24, 2009 1:18 am

    Trapos

    Agarrei naquele trapo.
    Tão velho e tão solto,
    que olhava para ele como
    se fosse eu.

    Tão pequeno me parecia o trapo,
    na imensidão que julgava ter na mão.

    Vaidoso.
    Tinha uma mão pequena,
    e o trapo que a mão continha,
    era toda a minha vida.

    Afinal,
    tão pequena, tão simples,
    que minha mão deitou ao chão
    tanta perda de tempo.

    Apenas a inutilidade de uma vida.

    Raul Berenguel
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSáb Jan 02, 2010 4:53 am

    O Amor e o Tempo

    Pela montanha alcantilada
    Todos quatro em alegre companhia,
    O Amor, o Tempo, a minha Amada
    E eu subíamos um dia.

    Da minha amada no gentil semblante
    Já se viam indícios de cansaço;
    O Amos passava-nos adiante
    E o Tempo acelerava o passo.

    - «Amor! Amor! Mais devagar!
    Não corras tanto assim, que tão ligeira
    Não pode com certeza caminhar
    A minha doce companheira!»

    Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
    Abrem as asas trémulas ao vento…
    - «Porque voais assim tão apressados?
    Onde vos dirigis?» – nesse momento,

    Volta-se o Amor e diz com azedume:
    - «Tende paciência, amigos meus!
    Eu sempre tive este costume
    De fugir com o Tempo… Adeus! Adeus!

    António Feijó
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSeg Jan 04, 2010 12:52 pm

    A cidade é um chão de palavras pisadas

    A cidade é um chão de palavras pisadas
    a palavra criança a palavra segredo.
    A cidade é um céu de palavras paradas
    a palavra distância e a palavra medo.

    A cidade é um saco um pulmão que respira
    pela palavra água pela palavra brisa
    A cidade é um poro um corpo que transpira
    pela palavra sangue pela palavra ira.

    A cidade tem praças de palavras abertas
    como estátuas mandadas apear.
    A cidade tem ruas de palavras desertas
    como jardins mandados arrancar.

    A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
    A palavra silêncio é uma rosa chá.
    Não há céu de palavras que a cidade não cubra
    não há rua de sons que a palavra não corra
    à procura da sombra de uma luz que não há.

    José Carlos Ary dos Santos
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSeg Jan 04, 2010 12:56 pm

    Poeta Castrado, Não!

    Serei tudo o que disserem
    por inveja ou negação:
    cabeçudo dromedário
    fogueira de exibição
    teorema corolário
    poema de mão em mão
    lãzudo publicitário
    malabarista cabrão.
    Serei tudo o que disserem:
    Poeta castrado não!

    Os que entendem como eu
    as linhas com que me escrevo
    reconhecem o que é meu
    em tudo quanto lhes devo:
    ternura como já disse
    sempre que faço um poema;
    saudade que se partisse
    me alagaria de pena;
    e também uma alegria
    uma coragem serena
    em renegar a poesia
    quando ela nos envenena.

    Os que entendem como eu
    a força que tem um verso
    reconhecem o que é seu
    quando lhes mostro o reverso:

    Da fome já não se fala
    é tão vulgar que nos cansa
    mas que dizer de uma bala
    num esqueleto de criança?

    Do frio não reza a história
    a morte é branda e letal
    mas que dizer da memória
    de uma bomba de napalm?

    E o resto que pode ser
    o poema dia a dia?
    Um bisturi a crescer
    nas coxas de uma judia;
    um filho que vai nascer
    parido por asfixia?!
    Ah não me venham dizer
    que é fonética a poesia!

    Serei tudo o que disserem
    por temor ou negação:
    Demagogo mau profeta
    falso médico ladrão
    prostituta proxeneta
    espoleta televisão.
    Serei tudo o que disserem:
    Poeta castrado não!

    José Carlos Ary dos Santos
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSeg Jan 04, 2010 5:32 pm

    Angola que eu vivo

    Que a nossa amizade seja sem fim como as obras em Angola,

    Que a tua alegria aumente como a corrupçao em Angola,

    Que o teu amor seja visivel como a poiera em Angola,

    Que os teus sonhos nao sejam parados como as aguas em Angola,

    Que os teus desejos possam atingir todos os extremos como as zungueiras em Angola,

    Que a tua felicidade aumente como os gatunos da praça do Roque

    e que o teu futuro seja bonito como o mar de Angola
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQua Jan 13, 2010 12:13 am

    Fanfarronices de um Caçador






    [color:49a1=#600]Eu sou o mais destemido

    Caçador que tem aparecido

    Cá nos matos Angolanos



    Matei catorze mil feras

    Onças, leões e panteras

    Tudo isto em quatro anos.



    Uma vez vou-vos contar

    Estava eu a almoçar

    Goelas de tubarão



    Quando olhei para meu lado

    E vi muto bem sentado

    Um corpulento leão



    Vou daí sem mais sussurros

    Catrapuz! Preguei-lhe um murro

    Foi soco piramidal



    Foi tal soco que o matei

    E confesso que fiquei

    Com pena do animal.



    Uma vez lá no Bié

    À caça do jacaré

    Eu e o meu derriço



    Veio um e engoliu-me

    E mais tarde despediu-me

    Pela porta de serviço.




    Malanje, 1965

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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQui Jan 14, 2010 2:02 am

    O CIÚME

    Entre as tartáreas forjas,sempre acesas,
    Jaz aos pés do tremendo,estígio nume,
    O carrancudo,o rábido Ciúme,
    Ensanguentando as corruptas presas.

    Traçando o plano de cruéis empresas,
    Fervendo em ondas de sulfúreo lume,
    Vibra de fauces o letal cardume
    De hórridos males,de hórridas tristezas.

    Pelas terríveis fúrias instigado,
    Lá sai do Inferno,e para mim se avança
    O negro monstro,de áspides toucado.

    Olhos em brasa de revés me lança...
    Ó dor!Ó raiva!Ó morte!...Ei-lo a meu lado,
    Ferrando as garras na vipéria trança.

    BOCAGE
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeDom Jan 17, 2010 7:47 pm

    Segue o teu destino

    Segue o teu destino,
    Rega as tuas plantas,
    Ama as tuas rosas.
    O resto é a sombra
    De árvores alheias.

    A realidade
    Sempre é mais ou menos
    Do que nós queremos.
    Só nós somos sempre
    Iguais a nós-próprios.

    Suave é viver só.
    Grande e nobre é sempre
    Viver simplesmente.
    Deixa a dor nas aras
    Como ex-voto aos deuses.

    Vê de longe a vida.
    Nunca a interrogues.
    Ela nada pode
    Dizer-te. A resposta
    Está além dos deuses.

    Mas serenamente
    Imita o Olimpo
    No teu coração.
    Os deuses são deuses
    Porque não se pensam.

    Ricardo Reis
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSeg Jan 25, 2010 2:42 am

    DESCONCERTO

    Nada me desconcerta mais
    que a falta de carácter.
    Desdenhosos personagens
    que me invadem o sossego
    e desatinam qualquer complacência.
    Ainda não descobri se é normal esta atitude
    ou serei eu,
    que depois de tanta ausência
    desconheço as leis fundamentais.
    Mas não deixo de ficar perturbada
    e nem com toda a lógica em aumento
    entenderei estas atitudes
    que de serem tão anormais
    não têm qualquer fundamento.
    Não concebo o uso de qualquer alguém
    só porque no momento é proveitoso.
    E por mais que atropele
    o meu humilde convencimento
    certeza tenho que não há ninguém
    que possa ser nobre com tal procedimento.
    Mas de um lado ou outro sempre encontro
    aqui ou além um certo desconcerto.
    Ou será o mundo que anda todo desconcertado
    ou serei eu que não lhe vejo qualquer acerto!

    apl in "Um Beijo... Sem Nome
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeQua Jan 27, 2010 3:18 pm

    Poética

    De manhã escureço
    De dia tardo
    De tarde anoiteço
    De noite ardo.

    A oeste a morte
    Contra quem vivo
    Do sul cativo
    O este é meu norte.

    Outros que contem
    Passo por passo:
    Eu morro ontem

    Nasço amanhã
    Ando onde há espaço:
    – Meu tempo é quando.

    Vinícius de Moraes
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSáb Jan 30, 2010 11:48 pm

    Olhando o mar, sonho sem ter de quê

    Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
    Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
    Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
    De que me servem a verdade e a fé?

    Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
    Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
    Temos esta certeza e sempre e em tudo
    Sonhamos e sonhamos e sonhamos.

    As árvores longínquas da floresta
    Parecem, por longínquas, 'star em festa.
    Quanto acontece porque se não vê!
    Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.

    Se tive amores? Já não sei se os tive.
    Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
    Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
    E a vida morre enquanto o ser revive.

    Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
    Motivos coloridos de morrer?
    Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
    Se te agrada e tudo é deixar de o haver?

    Fernando Pessoa
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitimeSex Fev 05, 2010 1:20 am

    O amor é uma companhia

    O amor é uma companhia.
    Já não sei andar só pelos caminhos,
    Porque já não posso andar só.
    Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
    E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

    Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
    E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
    Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
    Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

    Todo eu sou qualquer força que me abandona.
    Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

    Alberto Caeiro
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 22 Icon_minitime

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