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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeQua Mar 03, 2010 9:11 pm

    Mas que veia poética, I. santos, dá-nos o prazer de lermos mais poemas lindos.

    Obrigada. Kandandu

    Fátima
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeQui Mar 04, 2010 4:15 pm

    Desejo

    [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

    Gostava que no próximo Verão,
    Voltasse aquela alegria sem fim,
    Que as flores florissem só para mim,
    Que este Sol quente gritasse,
    Tanto no nascente, como no poente,
    A rapariga gaiata que eu fui.

    Fico para aqui sozinha,
    Procuro o que não vou mais encontrar,
    Fujo da realidade,
    Vivo da saudade.

    Queria ter a força de um tufão
    E fazer tudo de um turbilhão.
    Fazer com que o céu fosse sempre azul,
    Que os dias fossem de tons irreais,
    Que não mais houvesse dor,
    Só Paz e Amor.


    Isabel Santos

    25 de Janeiro, 2009
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSex Mar 05, 2010 5:54 pm


    Depois da vida

    Quando meu coração parar desfeito,
    Em sombra na profunda sepultura;
    E o meu corpo espectral e já perfeito,
    Divagar entre o Olimpo e a terra dura;

    Quando sentir,enfim,todo o meu peito
    A converter-se em luminosa altura;
    Eu,aquele fantasma,o claro eleito,
    O enviado da vida à morte escura;

    Ah,quando,em mim,eu for minha esperança
    Meu próprio ser,divino e redimido,
    A minha sombra apenas for lembrança,


    Bem longe,em outro mundo transcendente,
    À luz dum sol jamais anoitecido,
    Serei contigo,amor,eternamente.

    ( Das elegias )

    Teixeira de Pascoais 1877-1952

    Kandandos

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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSex Mar 05, 2010 9:47 pm

    Falas de civilização...

    Falas de civilização, e de não dever ser,
    Ou de não dever ser assim.
    Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
    Com as coisas humanas postas desta maneira,
    Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
    Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
    Escuto sem te ouvir.
    Para que te quereria eu ouvir?
    Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
    Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
    Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
    Ai de ti e de todos que levam a vida
    A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

    Alberto Caeiro
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSáb Mar 06, 2010 7:47 pm

    Olá Bengo,

    Como é que você sabia que eu adoro a poesia de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis,...)?

    Para mim, Pessoa, para além de poeta, foi um grande pensador, um grande filósofo. Ele escreveu poemas com conteúdos completamente díspares, atribuindo a sua autoria a vários heterónimos que ele criou. Mas foi ainda mais longe, para cada um desses heterónimos, ele imaginou uma biografia de forma a harmonizá-la com o conteúdo desses poemas. Enfim, uma forma perfeita de demonstrar que o pensamento de cada ser humano está inexoravelmente ligado à sua vivência.

    Os meus meninos gostam particularmente deste poema:

    LIBERDADE

    Ai que prazer
    não cumprir um dever.
    Ter um livro para ler
    e não o fazer!
    Ler é maçada,
    estudar é nada.
    O sol doira sem literatura.
    O rio corre bem ou mal,
    sem edição original.
    E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
    como tem tempo, não tem pressa...

    Livros são papéis pintados com tinta.
    Estudar é uma coisa em que está indistinta
    A distinção entre nada e coisa nenhuma.

    Quanto melhor é quando há bruma.
    Esperar por D. Sebastião,
    Quer venha ou não!

    Grande é a poesia, a bondade e as danças...
    Mas o melhor do mundo são as crianças,
    Flores, música, o luar, e o sol que peca
    Só quando, em vez de criar, seca.

    E mais do que isto
    É Jesus Cristo,
    Que não sabia nada de finanças,
    Nem consta que tivesse biblioteca...

    Fernando Pessoa

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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeDom Mar 07, 2010 11:32 pm

    SONETO

    Em memória de Aurélio Cunha Bengala

    Surge Janeiro frio e pardacento,
    Descem da serra os lobos ao povoado;
    Assentam-se os fantoches em São Bento
    E o Decreto da fome é publicado.

    Edita-se a novela do Orçamento;
    Cresce a miséria ao povo amordaçado;
    Mas os biltres do novo parlamento
    Usufruem seis contos de ordenado.

    E enquanto à fome o povo se estiola,
    Certo santo pupilo de Loyola,
    Mistura de judeu e de vilão,

    Também faz o pequeno “sacrifício”
    De trinta contos – só! – por seu ofício
    Receber, a bem dele... e da nação.

    JOSÉ RÉGIO
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSeg Mar 08, 2010 5:31 pm

    A todas as mulheres:

    A Mulher ideal ...

    É aquela que é maravilhosa acima de tudo.

    Que pode com um sorriso provocar amor e felicidade.

    A Mulher ideal ...

    É aquela que é simples por natureza.

    Que pode explanar com simples gestos toda a sua feminilidade e grandeza.

    A Mulher ideal ...

    É aquela que sabe como ninguém entender os sinais do amado antevendo

    lhe os movimentos estando sempre ao seu lado.

    A Mulher ideal ...

    É aquela que não seja perfeita, pois somente Deus o é, mas que busque a

    perfeição em todos os seus gestos.

    A Mulher ideal ...

    É aquela que mostra a sua beleza todos os dias, como no primeiro encontro.

    Fazendo dos momentos com o seu amado um eterno reencontro.

    A Mulher ideal ...

    É aquela que mesmo com o passar dos anos, tenha sempre o sorriso de

    menina, pois o enrugar da pele é ínfimo perante a alma feminina.

    A Mulher ideal ...

    É aquela que se apresenta perante a sociedade como a mais formosa dama.

    Mas quando na intimidade partilhe todos os segredos..

    Enfim, a Mulher ideal ...

    É aquela que mesmo não sendo Deusa, sabe como ninguém trazer um

    pedacinho do céu.
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSeg Mar 08, 2010 7:30 pm

    MULHER

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    Chamam-te linda, chamam-te formosa,
    Chamam-te bela, chamam-te gentil...
    A rosa é linda, é bela, é graciosa,
    Porém a tua graça é mais subtil.

    A onda que na praia, sinuosa,
    A areia enfeita com encantos mil,
    Não tem a graça, a curva luminosa
    Das linhas do teu corpo, amor e ardil.

    Chamam-te linda, encantadora ou bela;
    Da tua graça é pálida aguarela
    Todo o nome que o mundo à graça der.

    Pergunto a Deus o nome que hei-de dar-te,
    E Deus responde em mim, por toda parte:
    Não chames bela – Chama-lhe Mulher

    Rui Noronha (Poeta Mocambiano)
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeTer Mar 09, 2010 7:44 pm

    As quatro estações da minha vida

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    És o brotar da Primavera,
    És o calor do meu Verão,
    O Outono, esse, já era,
    Não sinto frio no Inverno,
    Porque me aqueces o coração.

    Isabel Santos
    19/04/2009
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeTer Mar 09, 2010 8:03 pm

    Amigos

    Quero aqui prestar a minha homenagem á poetisa S. Tomense Alda Espírito Santo, falecida esta madrugada em Luanda.





    ILHA NUA



    Coqueiros e palmares da Terra Natal
    Mar azul das ilhas perdidas na conjuntura dos séculos
    Vegetação densa no horizonte imenso dos nossos sonhos.
    Verdura, oceano, calor tropical
    Gritando a sede imensa do salgado mar
    No deserto paradoxal das praias humanas
    Sedentas de espaço e devida
    Nos cantos amargos do ossobô
    Anunciando o cair das chuvas
    Varrendo de rijo a terra calcinada
    Saturada do calor ardente
    Mas faminta da irradiação humana
    Ilhas paradoxais do Sul do Sará
    Os desertos humanos clamam
    Na floresta virgem
    Dos teus destinos sem planuras...



    in É Nosso o Solo Sagrada da Terra, 1978, Lisboa, Ulmeiro
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeQua Mar 10, 2010 4:27 pm

    Saudade

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    Sinto uma saudade imensa
    Da esteira em que eu não durmo,
    Das batucadas que eu não ouço,
    Do calor da fogueira que eu não sinto…

    Mas pressinto
    Em cada dia que raia,
    Em cada noite que passa,
    Em cada onda que espraia…

    Gostaria de voltar,
    Ver de novo o baloiçar
    Das folhas das palmeiras,
    De dia o Sol, de noite o luar.

    Deixar embriagar o meu olhar
    No feitiço do teu crepúsculo,
    Sentada na areia,

    Fazer uma fogueira
    E saltar, saltar…
    Até me cansar!

    Isabel Santos
    25 de Janeiro, 2009
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSeg Mar 15, 2010 2:49 pm

    Monangamba



    Naquela roca grande tem café maduro
    e aquele vermelho-cereja
    são gotas do meu sangue feitas seiva.

    O café vai ser torrado
    pisado, torturado,
    vai ficar negro, negro da cor do contratado.

    Negro da cor do contratado!

    Perguntem às aves que cantam,
    aos regatos de alegre serpentear
    e ao vento forte do sertão:


    Quem se levanta cedo? quem vai à tonga?
    Quem traz pela estrada longa
    a tipóia ou o cacho de dendém?
    Quem capina e em paga recebe desdém
    fuba podre, peixe podre,
    panos ruins, cinqüenta angolares
    "porrada se refilares"?

    Quem?

    Quem faz o milho crescer
    e os laranjais florescer
    - Quem?

    Quem dá dinheiro para o patrão comprar
    maquinas, carros, senhoras
    e cabeças de pretos para os motores?

    Quem faz o branco prosperar,
    ter barriga grande - ter dinheiro?
    - Quem?

    E as aves que cantam,
    os regatos de alegre serpentear
    e o vento forte do sertão
    responderão:
    - "Monangambééé..."

    Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
    Deixem-me beber maruvo, maruvo
    e esquecer diluído nas minhas bebedeiras

    - "Monangambééé...



    António Jacinto
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSeg Mar 15, 2010 4:36 pm

    A Vida



    A vida é o dia de hoje,

    A vida é ai que mal soa,

    A vida é sombra que foge,

    A vida é nuvem que voa.

    A vida é sonho tão leve,

    Que se desfaz com a neve

    E como o fumo se esvai.

    A vida dura um momento;

    Mais leve que o pensamento,

    A vida leva-a o vento,

    A vida é folha que cai!



    A vida é flor na corrente,

    A vida é sopro suave,

    A vida é estrela cadente,

    Voa mais leve que a ave,

    Nuvem que o vento nos ares,

    Onda que o vento nos mares,

    Uma após outra lançou,

    A vida, pena caída

    De asa de ave ferida,

    De vale em vale impelida.

    A vida, o vento a levou!



    João de Deus
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSeg Mar 15, 2010 10:29 pm

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    Canção de uma tarde qualquer

    Em S. Paulo da Missão
    quando o sol se apagava
    na areia vermelha
    (nos fundos por trás
    da quitanda)
    a negra Arminda abria devagar
    a cancela
    de madeira
    e sozinha
    sem ajuda de ninguém
    ia no Burity ou no Sô Santo
    beber.

    Muitas vezes
    ela 'tá ficando
    tarde toda
    sentada na esteira
    os olhos longamente postos
    no vago
    contando
    história do tempo antigo
    em jeito de assombração.

    A garotada em roda dela
    escuta só
    E suspensa vê
    vê mesmo
    correr a vida
    nos olhos sem vida
    da velha Arminda.

    João Maria Vilanova (Angola)
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSeg Mar 15, 2010 10:52 pm

    Lágrimas Ocultas

    Se me ponho a cismar em outras eras
    Em que ri e cantei,em que era querida,
    Parece-me que foi noutras esferas,
    Parece-me que foi noutra vida...


    E a minha triste boca dolorida,
    Que dantes tinha o rir das primaveras,
    Esbate as linhas graves e severas
    E cai num abandono de esquecida!


    E fico,pensativa,olhando o vago...
    Toma a brandura plácida dum lago
    O meu rosto de monja de marfim...


    E as lágrimas que choro,branca e calma,
    Ninguém as vê brotar dentro da alma!
    Ninguém as vê cair dentro de mim!


    Florbela Espanca.
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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSeg Mar 15, 2010 11:16 pm

    Exaltação

    Viver!..Beber o vento e o sol !...Erguer
    Ao Céu os corações a palpitar !
    Deus fez os nossos braços pra prender,
    E a boca fez-se sangue pra beijar !


    A chama, sempre rubra ,ao alto, a arder!...
    Asas sempre perdidas a pairar,
    Mais alto para as estrelas desprender!...
    A glória!...A fama!...O orgulho de criar!...


    Da vida tenho o mel e tenho os travos
    No lago dos meus olhos de violetas,
    Nos meus beijos extáticos, pagãos!...


    Trago na boca o coração dos cravos!
    Boémios,Vagabundos, e Poetas:
    Como eu sou vossa irmã,ó meus irmãos!...


    Florbela Espanca.


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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeQua Mar 17, 2010 5:15 pm

    José Luandino Vieira

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    Biografia


    José Vieira Mateus da Graça nasceu em Vila Nova de Ourém, Portugal, em 4 de Maio de 1935. Veio para Angola aos três anos de idade na companhia de seus pais que eram colonos portugueses. Foi preso em 1959. Voltou a ser preso em 1961 e condenado a 14 anos de reclusão. Solto em 1972, fixou residência em Lisboa, onde trabalhou numa editora. Regressou a Luanda em 1975. Cargos diretivos no MPLA. Presidente da Radiotelevisão Popular de Angola. Obra de ficção muito premiada. As suas poesias estão dispersas por publicações periódicas e representadas em várias antologias, das quais uma - No Reino de Caliban - reúne toda a sua obra poética.

    Canção para Luanda


    A pergunta no ar
    no mar
    na boca de todos nos:
    - Luanda onde está?

    Silêncio nas ruas
    Silêncio nas bocas
    Silêncio nos olhos

    - Xê
    mana Rosa peixeira
    responde?

    - Mano
    Não pode responder
    tem de vender
    correr a cidade
    se quer comer!

    "Ola almoço, ola almoçoéé
    matona calapau
    ji ferrera ji ferrerééé"

    - E você
    mana Maria quitandeira
    vendendo maboque
    os seios-maboque
    gritando
    saltando
    os pés percorrendo
    caminhos vermelhos
    de todos os dias?
    "maboque, m'boquinha boa
    dóce dócinha"

    - Mano
    não pode responder
    o tempo é pequeno
    para vender!

    Zefa mulata
    o corpo vendido
    batom nos lábios
    os brincos de lata
    sorri
    abrindo o seu corpo
    - seu corpo-cubata!
    Seu corpo vendido
    viajado
    de noite e de dia.
    - Luanda onde está?

    Mana Zefa mulata
    o corpo-cubata
    os brincos de lata
    vai-se deitar
    com quem lhe pagar
    - precisa comer!

    - Mano dos jornais
    Luanda onde está?
    As casa antigas
    o barro vermelho
    as nossas cantigas
    trator derrubou?

    Meninos das ruas
    caçambulas
    quigosas
    brincadeiras minhas e tuas
    asfalto matou?

    - Manos
    Rosa peixeira
    quitandeira Maria
    você também
    Zefa mulata
    dos brincos de lata
    - Luanda onde está?

    Sorrindo
    as quindas no chão
    laranjas e peixe
    maboque docinho
    a esperança nos olhos
    a certeza nas mãos
    mana Rosa peixeira
    quitandeira Maria
    Zefa mulata
    - os panos pintados
    garridos
    caídos
    mostraram o coração:
    - Luanda está aqui!
    Ir para o topo Ir para baixo
    fatima berenguel
    Top 500
    Top 500
    fatima berenguel


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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeQui Mar 18, 2010 4:40 pm

    Trajectória




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    Agora sei,
    que não sou mais
    aquela,
    que bebeu leite
    no peito de minha mãe.
    - a que tremeu de medo
    pela escuridão
    do velho quarto
    e tambem
    a que guardou
    o segredo do amor
    sem corpo
    nas horas inteiras
    só de um sonho...

    Agora sei
    que não sou mais.

    Porque o amor bate temporais
    nas minhas veias,
    e o tempo nasce luas
    e árvores, nos olhos comuns e fundos,
    porque o meu corpo
    é uma folha trémula e branca
    desesperadamente pura,
    sob a caligrafia firme
    das tuas mãos
    suspensas,

    é que eu sei,
    que não sou mais
    aquela.



    Alda Lara (poetisa angolana)
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    Cazimar
    Adm/Moderação
    Adm/Moderação
    Cazimar


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    MensagemAssunto: Re: Poesia   Poesia - Página 24 Icon_minitimeSáb Mar 20, 2010 10:35 pm

    Poema declamado "África"